quinta-feira, 17 de outubro de 2013
O porquinho comilão
O PORQUINHO COMILÃO
O porquinho da nossa história era muito comilão.

A mãe costumava ralhar com ele, com razão, porque o porquinho andava sempre à procura de alguma coisa para encher a barriga, não se importando nada que o que comesse fosse dele ou não.
Era frequente ouvir a mãe dizer: - Quem é que comeu o bolo que estava guardado na despensa? -Quem é que comeu a salada? - Quem é que comeu a farinha de milho?
Mas o porquinho comilão punha uma cara muito inocente e dizia, mentindo: - Eu não fui, mãezinha!
Depois, saía para a rua muito contente, pois era ele que comia tudo quanto a mãe dizia que faltava.

Numa rua da aldeia, o porquinho viu um seu vizinho que vendia fruta. Oh! Cresceu-lhe logo água na boca ao contemplar aquele carrinho cheio de bonitas maçãs e, num instante, devorou umas poucas delas. O vendedor quis impedir mas não conseguiu, porque o porquinho comilão fugiu a correr.

Mais tarde, chegou o nosso porquinho à horta da senhora Galinha Sábia e apanhou as maiores espigas daquele milho tão dourado que lá havia, comendo-as também, sem ligar nenhuma aos cacarejos de protesto da dona.
Ao passar diante da casa dos coelhinhos, pegou numa travessa cheia de cenouras que eles tinham preparado para lanchar, e fugiu com ela, comendo, ao mesmo tempo que corria, aquela grande ração de cenouras.
-Isto não pode continuar! -disse o avô Coelho. -Cada vez que por aqui passa, o Porquinho Comilão rouba-nos o comer. Temos de o castigar.
E tal como o pensou melhor o fez. Procurou o Gato, o Cão, o Rato e os outros animais e, entre todos eles, estudaram uma maneira de castigar o Porquinho Comilão.
-Pomos-lhe uma armadilha! -disse o Rato.
- Não, ele não cai na armadilha - disse o Gato.
- Era melhor dar-lhe uma boa tareia.
- Não -replicou o Cão

-O Porquinho é maior do que nós e vencer-nos-ia. Tenho outra ideia melhor. Aproximem-se para que ninguém nos ouça. Eu explico-lhes o que pensei fazer.
Todos os animaizinhos se aproximaram do Cão e, quando conheceram a ideia genial, deram saltos de alegria.
-Bem! Muito bem! - disseram todos os mesmo tempo -Vamos preparar um bom lanche ao Porquinho Comilão.
Ao pé de uma árvore estenderam uma toalha e, sobre ela,
dispuseram belos petiscos, convencidos de que o Porquinho logo apareceria atraído por aquele banquete. Quando o ouviram chegar, todos os animaizinhos foram, muito depressa, esconder-se atrás das árvores.
-Um lanche? -exclamou o Porquinho, todo contente -Um delicioso bolo, peras doces...
TUDO PARA MIM! UHÁU....
Pegou no bolo e engoliu-o em grandes pedaços, mas, subitamente, sentiu que a boca lhe ardia como se tivesse metido fogo nela, e saiu a correr, gritando, à procura de água para se refrescar.
Os astuciosos vizinhos tinham posto uma grande quantidade de pimenta na massa do bolo.

Aquele acontecimento serviu para que o Porquinho Comilão se curasse daquela ânsia por comer, porque, desde aquele dia, nunca mais tornou a comer mais do que deve comer um porquinho bem educado.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
A folha e o vento - Maria Alberta Menéres
Era uma árvore bonita, de grandes braços abertos à claridade das manhãs.
Um dia, já quase no findar do Outono, ela reparou, com grande espanto, que por mais forte que soprasse o vento, por mais impiedosas que tombassem as primeiras chuvas a anunciar o Inverno, uma pequenina e teimosa folhinha continuava bem agarrada a um fino tronco, lá no cocuruto da sua cabeça!
E ao cair de certa tarde, resolveu falar muito a sério com ela. Só que... a conversa de nada valeu! E a árvore não teve outro remédio senão justificar-se - o que nunca, em tantos anos da vida lhe tinha acontecido:
- É a minha filha mais nova, senhor vento.
Tem medo de se largar! Diz que nasceu lá muito no alto...
- Medo?! Medo de quê?! - admirou-se o vento. Quando eu sopro, todas as folhas se soltam com alegria, esvoaçam por uns instantes no ar e depois poisam suavemente no chão. Sempre foi assim!
- Eu sei, senhor vento. Mas a minha filha é muito pequenina e não está habituada a cair assim de qualquer maneira. Diz que tem medo de se magoar! Temos de ter paciência.
O vento aninhou-se por ali, à espera.
A certa altura, ouviu uma voz aflita que lhe pareceu vir de muito alto:
- Mamã, não me digas que é muito fácil e não custa nada! Eu sei muito bem que já me devia ter largado ao vento... mas agora não! Não vejo nada! Não sou capaz de saltar nesta horrível escuridão! Amanhã...
- Nem amanhã, nem depois de amanhã! A menina ouviu?! É agora! Onde é que já se ouviu uma folhinha ter medo de cair?!
Maria Alberta Menéres
Os Nomes
Nomes Próprios- São os nomes que se referem a pessoas, países, etc...
ex. Maria, Portugal, Almada...
Nomes Comuns- São nomes que se referem a seres em geral como cão, gato. mesa. cadeira...
Nomes Colectivos - São nomes de conjuntos de seres da mesma espécie.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
domingo, 13 de outubro de 2013
Joca e o prato de sopa - António Torrado e Cristina Malaquia

O Joca faz cara feia à sopa. Diz ele que se engasga.
- Não te engasgas com o bife nem com as batatas fritas... - diz-lhe o pai. - Porque será?
A verdade é que o Joca não gosta de sopa. Já os pais estão na fruta e ele ainda a remanchar, ora uma colher ora outra, muito enfadado, diante da sopa fria.
No outro dia, foi lá jantar o tio Alfredo. Sabedor do desgosto do Joca pela sopinha, disse que ia preparar uma sopa especial, uma raridade, que tinha dado que fazer a mais de mil homens.
Fechou-se na cozinha, onde se demorou que tempos, e quando terminou o preparo anunciou:
- Todos para a mesa, para provarem a sopa que custou o trabalho de mais de mil.
Veio a sopa para os pratos e nenhuma diferença fazia das sopas já conhecidas e rejeitadas pelo paladar do Joca.
Ele assim o disse, à primeira colherada:
- Se deu que fazer a mil homens ou só deu que fazer ao tio Alfredo vale o mesmo.
- Enganas-te - atalhou o tio Alfredo. - Vamos nós fazer as contas aos homens que trabalharam para a tua sopa.
Pegou num papel e numa caneta e começou a contar:
- Primeiro, os legumes da sopa. Calculas quantas pessoas foram necessárias para lavrar a terra, mondar as ervas, regar a horta? Agora acrescenta os ferreiros que fabricaram os sachos, os mecânicos que armaram o arado, os operários que construíram o tractor, os latoeiros que fizeram os regadores...
- Agora a rega é toda mecanizada - lembrou o pai do Joca.
- Mais me ajudas - disse o tio Alfredo. - Quantos engenheiros foram necessários para inventar a rega por aspersão? Quantos operários para apurar os instrumentos de rega? Quantos homens para fabricar as bombas de água, que a vão buscar aos rios? E quem fez as mangueiras? Quem concebeu a mecânica dos óleos, que accionam as bombas de água?
Tanta gente à volta de um prato de sopa! Cem? Duzentos? Trezentos homens, cansados de trabalhar? Os pais do Joca e o tio Alfredo faziam cálculos de cabeça.
- Aos legumes, acrescenta o arroz. As mais das vezes são mulheres quem cuida dos arrozais - explicou o tio Alfredo. - E quem trata do ensacamento? Quem acondiciona? Quem transporta? Quem distribui pelos armazéns? Quem o vende nas lojas e nos supermercados? Mais umas centenas.
- Alfredo, não te esqueças do sal - lembrou a mãe do Joca.
- Pois claro que não me esqueço dos salineiros, que levantam o sal das salinas. Sem a contribuição deles, a sopa não tinha gosto.
O tio Alfredo continuava inspirado, somando parcelas, acrescentando gente. Enquanto ele sussurrava números debruçado sobre o papel, o pai do Joca tomou-lhe o fio à meada:
- E o construtor do fogão, que cozinhou a sopa? E os fabricantes do gás, que acendeu o fogão? E os químicos que produziram o fósforo, com que se fizeram os fósforos, que acenderam o gás, que chegou aos bicos, trazido pelas condutas, escondidas no fogão, que cozinhou a sopa? - pergunta o pai do Joca, quase sem fôlego.
- E os lenhadores que cortaram as árvores, que os serradores serraram e outros mais partiram e repartiram, até chegarem a fazer os paus dos fósforos? - disse a mãe do Joca, quase a rir-se.
- Chega! Chega! - gritou o Joca. - Já comi a sopa toda. - O que é que há a seguir?
Ia ter que esperar, porque, diante dos pais do Joca e do tio Alfredo, os pratos de sopa ainda continuavam cheios..
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