O PORQUINHO COMILÃO
O porquinho da nossa história era muito comilão.
A mãe costumava ralhar com ele, com razão, porque o porquinho andava sempre à procura de alguma coisa para encher a barriga, não se importando nada que o que comesse fosse dele ou não.
Era frequente ouvir a mãe dizer: - Quem é que comeu o bolo que estava guardado na despensa? -Quem é que comeu a salada? - Quem é que comeu a farinha de milho?
Mas o porquinho comilão punha uma cara muito inocente e dizia, mentindo: - Eu não fui, mãezinha!
Depois, saía para a rua muito contente, pois era ele que comia tudo quanto a mãe dizia que faltava.
Numa rua da aldeia, o porquinho viu um seu vizinho que vendia fruta. Oh! Cresceu-lhe logo água na boca ao contemplar aquele carrinho cheio de bonitas maçãs e, num instante, devorou umas poucas delas. O vendedor quis impedir mas não conseguiu, porque o porquinho comilão fugiu a correr.
Mais tarde, chegou o nosso porquinho à horta da senhora Galinha Sábia e apanhou as maiores espigas daquele milho tão dourado que lá havia, comendo-as também, sem ligar nenhuma aos cacarejos de protesto da dona.
Ao passar diante da casa dos coelhinhos, pegou numa travessa cheia de cenouras que eles tinham preparado para lanchar, e fugiu com ela, comendo, ao mesmo tempo que corria, aquela grande ração de cenouras.
-Isto não pode continuar! -disse o avô Coelho. -Cada vez que por aqui passa, o Porquinho Comilão rouba-nos o comer. Temos de o castigar.
E tal como o pensou melhor o fez. Procurou o Gato, o Cão, o Rato e os outros animais e, entre todos eles, estudaram uma maneira de castigar o Porquinho Comilão.
-Pomos-lhe uma armadilha! -disse o Rato.
- Não, ele não cai na armadilha - disse o Gato.
- Era melhor dar-lhe uma boa tareia.
- Não -replicou o Cão
-O Porquinho é maior do que nós e vencer-nos-ia. Tenho outra ideia melhor. Aproximem-se para que ninguém nos ouça. Eu explico-lhes o que pensei fazer.
Todos os animaizinhos se aproximaram do Cão e, quando conheceram a ideia genial, deram saltos de alegria.
-Bem! Muito bem! - disseram todos os mesmo tempo -Vamos preparar um bom lanche ao Porquinho Comilão.
Ao pé de uma árvore estenderam uma toalha e, sobre ela,
dispuseram belos petiscos, convencidos de que o Porquinho logo apareceria atraído por aquele banquete. Quando o ouviram chegar, todos os animaizinhos foram, muito depressa, esconder-se atrás das árvores.
-Um lanche? -exclamou o Porquinho, todo contente -Um delicioso bolo, peras doces...
TUDO PARA MIM! UHÁU....
Pegou no bolo e engoliu-o em grandes pedaços, mas, subitamente, sentiu que a boca lhe ardia como se tivesse metido fogo nela, e saiu a correr, gritando, à procura de água para se refrescar.
Os astuciosos vizinhos tinham posto uma grande quantidade de pimenta na massa do bolo.
Aquele acontecimento serviu para que o Porquinho Comilão se curasse daquela ânsia por comer, porque, desde aquele dia, nunca mais tornou a comer mais do que deve comer um porquinho bem educado.
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