sábado, 1 de dezembro de 2012

Arturo procura dono - David Cali e Ninamasina

 

De repente, virei a cabeça e tu já não estavas. Perdeste-te?», diz Arturo, ao aperceber-se que ficou sozinho. Quem o passeava desapareceu. Dessa pessoa nada sabemos: homem ou mulher, rica ou pobre, nova ou velha, porque talvez nada disso interesse a um cão. Basta-lhe o facto de ser o seu dono e companheiro. Apenas isso para que ao longo do livro nos revele o seu amor incondicional numa procura incessante, numa construção de um antigo e bem conhecido modelo de entrega, dádiva e amizade que nada pede em retorno. Arturo limita-se a sublinhar o que já sabemos sobre o melhor amigo do homem.
Ele, protector da solidão, fonte de consolo e companhia para o humano, encontra-se agora só. Quem o consolará a ele? Quem o levará a passear novamente aos sítios costumeiros, quem lhe pedirá para repetir todos os truques que ele é tão bom a fazer?
 
Onde estás?
Porque é que te foste embora?
 

Mas este livro mostra-nos outros truques mais subtis, aqueles que os cães nos vão ensinando, bem mais complexos do que apanhar uma bola atirada para longe. Os truques da fidelidade, da devoção, do perdão e da generosidade. Arturo relembra-nos todos esses truques e mais alguns na sua incessante busca, porque Arturo não perde a esperança. Um amigo não desiste. Tal como Argos na Odisseia, Arturo esperará o tempo necessário pelo regresso do seu Ulisses, sonhando essa imagem de pura de felicidade que é o encontro entre um cão e o seu dono.
Bruaá
 
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e ser dono de um Arturo?

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