Era uma vez um rato, chamado Ratolas, que se julgava mais que os outros - os outros animais rasteiros da sua condição ou aproximados. Ratos, ratazanas, toupeiras, doninhas, ouriços, lagartixas e restante pessoal do mundo subterrâneo ou rente à terra, nunca lhe ouviram um " Olá, como vais tu? ", porque o Ratolas não prestava atenção aos insignificantes bichos seus iguais. Ele só se dava com a alta, com os bicharocos grossos e pernaltas, girafas, leões, elefantes, rinocerontes, hipopótamos e outros que tais matulões.
Um dos amigos era o elefante. Que montanha ondulante, bamboleante o elefante! Que gigante!
- Psst! - chamava o ratinho - Olá, amigo! Então passa e não fala?
Um dos amigos era o elefante. Que montanha ondulante, bamboleante o elefante! Que gigante!
- Psst! - chamava o ratinho - Olá, amigo! Então passa e não fala?
- Não fala? - intrigava-se o elefante - Não fala a quem? Quem me fala?
- Sou eu, o Ratolas. Estou aqui, em cima desta pedra, em bicos de pés. Então não me vês?
- Agora vejo. Como tens passado, aí por baixo?
O Ratolas respondia que sim, que passava bem, muito obrigado. Soprava mais umas coisitas sem importância e, depois, calava-se. Conversas destas nunca podiam ser muito longas, porque o rato depressa ficava com a garganta seca de tanto se esganiçar. Então, o elefante dizia-lhe adeus e lá continuava nas suas graves passadas, que abalavam a floresta.
Uma vez, os elefantes deram uma festa. O Ratolas não tinha sido convidado, mas se ele era quase da família, porque não havia também de ir?
Arranjou uma noz para cada elefante, embrulhadas numa folhinha, à maneira de presente, o que era simpático, e carregou com tudo até à clareira da floresta, para onde estava marcada a reunião.
Demorou que tempos pelo caminho, porque levava carga pesada. Quando chegou, já a festa ia em meio.
- Resolvi trazer-vos uma prenda - começou o ratito, na orla da clareira.
Mas ninguém o ouvia. Os elefantes estavam a dançar. Estremeciam as árvores da raiz à copa, estremecia a floresta de ponta a ponta, estremecia o continente, estremecia a Terra. Elefantes a dançar - zumba-pumba-zumba - imaginem!
Adiantou-se um passo o Ratolas:
- Trago-vos um presente, uma pequena lembrança...
Mas a dança, que era de truz, abalava tudo. Abalava tudo e tanto que as nozes rolaram pelo chão. Foi o Ratolas apanhá-las, mas não fosse ele tão rápido nos movimentos e a história acabava mesmo aqui. Acabava mesmo aqui, o que era um pena. Por pouco que o ratinho Ratolas não ficou esmagado debaixo da pata de chumbo de um dos elefantes matulões. Escapou-se por uma unha limpa.
Escapou-se, voltou costas aos elefantes, à clareira da festa e regressou à sua toca, pensativo. Pelo caminho, encontrou uma lagartixa e cumprimentou-a:
- Como tem passado, senhora lagartixa? Que tal vai de comidinha?
Mais adiante cruzou-se com um esquilo:
Mais adiante cruzou-se com um esquilo:
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