A Rainha das Rãs não Pode Molhar os Pés é uma história, que começa duas vezes, de uma rã que num mergulho ressurge à superfície com uma coroa na cabeça. Como sempre numa situação desconhecida e imprevista, há quem se afirme conhecedor das regras, e a rã passa a viver isolada e servida por todas as outras, que a devem servir a si e ao grupo de conselheiras que tão bem a rodeia. Da igualdade amigável que reinava, com tempo para o lazer, as restantes rãs passam ao tormento da escravidão, trabalhando sem parar na caça de moscas para alimentar aquelas que se auto-proclamaram ilustres mentores da rainha. Tudo muda, porque também é assim a história, e assim a vida. Por ironia, ou talvez não, o ciclo fecha-se por causa de um diálogo que levará a digníssima rainha a aceitar o repto das suas subditas: num espectáculo de mergulho, será ela a última a saltar. Se no mergulho inaugural, a rã emerge com uma coroa na cabeça, no mergulho final, a coroa regressa ao fundo do lago e a rã retorna novamente plebeia. A ordem e a democracia restabelece-se, e o anel de noivado regressa ao dedo da menina enamorada.
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