Isso não foi uma coisa que tracei, dizendo que, a partir de agora, vou viver assim. Trabalho dentro da minha língua materna, o português. Obviamente, trabalho com o português de Moçambique mas, mais do que a língua, a lógica moçambicana de construir a palavra é o que mais me interessa. Interessa-me a palavra, no sentido do que ela pode revelar em termos da nossa ligação com o mundo e com os outros. Quando alguém diz, ‘o carro dormiu fora’, isso interessa-me. Porque mostra que, ali, há um outro olhar que faz a animação do objecto, que lhe confere alma. No fundo, estamos a falar do lado da poesia, da revelação. Por exemplo, todos os dias as pessoas que fazem a limpeza do meu escritório perguntam-me: ‘Esse jornal ainda trabalha?’, ou seja, ainda é útil? Acho fantástico a ideia de um jornal trabalhar.
A entrevista na íntegra no Sol.
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