segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Portugal futuro

Anna Castagnoli
Ruy Belo
1933-1978

Todos os Poemas
Ruy Belo
Assírio & Alvim

















O Portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
Portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a Espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro

edificar sobre ele o Portugal futuro

(este país tem o tamanho dos nossos dias, dos gestos e das palavras com que rejeitamos a resignação)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Internet Segura

No âmbito do dia europeu da Internet Segura foi divulgado o ebook Internet e Redes Sociais – Tudo o que vem à rede é peixe, da autoria de Sara Pereira, Luís Pereira, Manuel Pinto, com design e ilustração de Pedro Mota Teixeira, uma edição da EduMedia em formato pdf.
http://www.lasics.uminho.pt/edumedia/wp-content/uploads/2012/01/Redes-sociais.pdf




"O mundo moderno tornou-se dependente das tecnologias de informação e das redes de
dados. Hoje em dia, já não dispensamos o correio eletrónico, as redes sociais, os jogos

online, as mensagens... " Leia mais em:

Livros premiados pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores)

Os três nomeados na categoria de melhor livro infantil e juvenil do ano dos Prémios SPA:



Categoria de Melhor Ilustração Original:




Os Prémios SPA serão entregues na Gala SPA/ RTP, no dia 27 de Fevereiro.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Alves Redol e a "Lenda do Mar"

Trabalhos "Escrita Criativa de Janeiro"

Era uma vez um rei tão mau, tão mau, tão mau que não aprendia a lição. Não aprendia nada!
Mariana Brandão
1ºano



Era uma vez um rei tão bom, tão bom, tão bom que dava tudo o que tinha.
Ana Cardoso
1º Ano


Era uma vez um rei tão chorão, tão chorão, tão chorão que provocou uma inundação no palácio.
Ana Barbosa
1º Ano

Era uma vez um rei tão querido, tão querido, tão querido que tratava toda a gente bem.
Filipa Silva
3º Ano


Era uma vez um rei tão vaidoso, tão vaidoso, tão vaidoso que só comprava vestuário de luxo mas tinha tão mau gosto, tão mau gosto, tão mau gosto que nem sabia combinar as cores e andava sempre mal vestido.
Mariana Pereira
2º Ano



Era uma vez um rei tão esperto, tão esperto, tão esperto que até encontrou um tesouro.
Nuno
1º Ano




Era uma vez um rei tão pequenino, tão pequenino, tão pequenino que cabia no bolso da Rute.
Joana
1º Ano



Era uma vez um rei tão comilão, tão comilão, tão comilão que acabou por rebentar.
Lara
1º Ano



Era uma vez um rei tão porcalhão, tão porcalhão, tão porcalhão que ninguém o reconhecia e pensavam que estava mascarado para o Carnaval.
Eduarda Pinheiro
3º Ano



Era uma vez um rei tão bonito, tão bonito, tão bonito que todas as princesas queriam casar com ele.
Lúcia
1º Ano



Era uma vez um rei tão feio, tão feio, tão feio que ninguém se aproximava dele.
Guilherme
 3ºAno



Era uma vez um rei tão trapalhão, tão trapalhão, tão trapalhão que até as nuvens se riam dele.
Rui Diogo
3º Ano



Era uma vez um rei tão distraído, tão distraído, tão distraído que andava sempre à procura da sua coroa e só dava com ela quando a tirava para ir para a cama.
Diogo Neves
3º Ano



Era uma vez um rei tão mau, tão mau, tão mau que ficou sem amigos.
Mariana Cardoso
1º ano

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Blogue e Biblioteca? Boa!

Encontrei este artigo nas minhas pesquisas pela web. A autoria pertence a José Mário Silva, crónicas publicadas, semanalmente, por José Mário Silva no DNA (suplemento de sábado do «Diário de Notícias»)

PENSO, BLOGO, EXISTO

Há uma revolução em curso na internet e tem um nome: blog. É provável que os menos atentos ao que se passa na Web só tenham ouvido a palavra esta semana, quando a imprensa clássica anunciou, com algum destaque, a compra pelo gigante Google – «rei» dos motores de busca – da pequena Pyra Labs, a empresa responsável pelo mais popular «interface» desta nova forma de comunicação: o Blogger. Mas em que se traduz afinal este conceito revolucionário, comparado por muitos analistas ao advento da TV?
O melhor é começar pelo princípio. De que falamos ao certo quando falamos de um blog? Dito da maneira mais simples, um blog – abreviatura de web-log – é uma página na internet onde se podem colocar facilmente mensagens escritas ou imagens, por ordem cronológica e com actualização regular (nos casos mais sérios, várias vezes por dia). Cada blogger que mantém um espaço destes pode fazer dele o que muito bem entender: um diário íntimo, um jornal de parede, um museu de glórias pessoais, uma tribuna para discussão de ideias, um púlpito para polémicas, um ponto de encontro ou um muro das lamentações. O blog molda-se à personalidade de quem o criou. E é aí que começa a revolução. Pela primeira vez, qualquer pessoa tem acesso a uma ferramenta informática simples que lhe permite comunicar ao resto do mundo o que quiser, como quiser e quando quiser. Até agora, a publicação de um texto escrito dependia sempre da existência de um jornal e da ultrapassagem de uma série de barreiras e filtros editoriais – que o digam os leitores opinativos habituados a enviar cartas para os jornais de referência. É essa distância, é esse Rubicão que desaparece com os blogs. Em teoria, cada pessoa pode fazer, para si ou para um público virtualmente infinito, o seu próprio jornal. Ou o seu próprio livro (disponível 24 horas por dia, on-line).
Claro que tudo isto já se fazia antes, mas a manutenção de sites pessoais era muitas vezes paga e nem sempre expedita. A grande vantagem deste novo sistema é a sua rapidez. Quem se dirigir à «home-page» do Blogger (www.blogger.com), sai de lá com uma página impecável em três minutos. Depois, a actualização é tão simples que até o mais inexperiente dos internautas consegue fazer um brilharete. Ninguém precisa de conhecer as subtilezas da linguagem HTML e mesmo o «design» da página pode ser escolhido, com um toque do rato, de um vasto catálogo de «roupagens» disponíveis. A bem dizer, só não cria o seu blog quem não quer.
Aliás, os números falam por si. Desde 1999, quando o software ficou disponível, já aderiram ao conceito 500.000 pessoas no mundo todo. A blogosfera, como alguns chamam à comunidade dos bloggers, está em plena expansão, tanto à escala planetária como no nosso país. Vale a pena consultar o index actualizado do «Blogs em Portugal» (http://blogsempt.blogspot.com) e verificar que surgem páginas todos os dias e para todos os gostos (da política à literatura, passando pelo cinema ou pelo desporto). Como seria de esperar, mais de 95% destes blogs têm um interesse muito reduzido. Abundam os devaneios poéticos (quase sempre assustadores), as «private jokes» e os corações destroçados carpindo as suas mágoas «no frio desta noite infinita». É tudo uma questão de procurar bem e não desistir dos 5% de blogs que merecem uma visita diária. O panorama nacional ainda é muito pobre mas já há várias páginas de referência (quase todas mantidas por jornalistas). E como remetem continuamente umas para as outras, seja pela via da polémica ou do elogio, não é difícil separá-las do joio da irrelevância umbiguista.
Interessa-me agora enumerar aqueles que são, no meu entender, os melhores atributos e os principais riscos deste novo «media». Do lado das vantagens, além das já referidas (o acesso rápido e a actualização simples), gostava de destacar a possibilidade que os blogs oferecem, aos cidadãos comuns, de exercerem o seu sentido crítico. Abolidos os intermediários, as opiniões passam a circular directamente do produtor para o consumidor e caberá a cada um escolher as «vozes» que deseja ouvir, ampliando-se assim consideravelmente uma oferta que estava limitada aos «opinion-makers» oficiais, com dia certo para publicarem a crónica no jornal. O trunfo dos bloggers é não terem «dead-lines». Podem escrever a qualquer hora e comentar, em directo (ou quase), o que se vai passando no mundo: um desastre, declarações de guerra, a morte de um escritor.
O problema é que esta capacidade de responder instantaneamente a um estímulo é uma faca de dois gumes. Por um lado, permite uma intervenção directa sobre a realidade em estado bruto, sem influências nem manipulações. Ao tomarmos uma posição, ao formularmos uma ideia, ainda não lemos nem ouvimos o que disse X ou Z. Estamos por isso mais perto de uma verdade pessoal, não formatada pelo pensamento alheio. Mas também mais perto do erro. Sem criar distâncias, olhando para a espuma dos dias quando as coisas «ainda fervem», é mais fácil sucumbir às precipitações e aos equívocos. Ainda assim, para os disparates imperdoáveis há sempre remédio, porque todos os textos podem ser editados em qualquer altura. Quanto ao resto, o tempo encarregar-se-á de fazer o seu papel de juiz.
Se é óbvio que uma certa impunidade pode conduzir a pontuais abusos de linguagem ou provocações gratuitas, não é menos certo que esses «danos colaterais» são um preço baixo que se paga pela liberdade de discutir e polemizar. Aliás, esses entusiasmos e eventuais excessos são perfeitamente compreensíveis e acabam por ser corrigidos pela própria lógica interna da blogosfera. O diálogo entre os blogs e os comentários que os leitores fazem aos textos são as formas ideais, porque não censórias, de auto-regulação.
Por fim, convém não esquecer que a característica fundamental dos blogs se prende com a possibilidade de fazer links para outras páginas (há mesmo blogs só com links). Na maioria dos casos, o link é uma sugestão comentada, uma pista para navegar na Web, muitas vezes de um blog para outro blog e deste segundo blog para um terceiro, etc. Cria-se assim um imenso ecossistema de páginas interligadas, onde a informação flui de uma forma imediata e extraordinariamente flexível.
Quer isto dizer que os blogs podem substituir os jornais? Não, pelo menos por enquanto. Mas podem perfilar-se, nalguns casos, como uma alternativa. Já há de resto quem leia certos blogs portugueses todas as manhãs, antes mesmo, por exemplo, das crónicas de Eduardo Prado Coelho (Público) e de Vasco Pulido Valente (DN).

(esta crónica foi publicada no DNA de 01/03/2003)