domingo, 9 de novembro de 2014
PINGA O PINGO
Pinga o pingo da torneira
Pinga pinga
Pinga o pingo
Que amanhã já é domingo
E depois segunda feira
Pinga o pingo da torneira
na banheira
terça feira
quarta feira
Pinga de toda a maneira
quinta feira
sexta feira
Falta pouco p’ra domingo
Pinga o pingo
Pinga pinga
Pingo o pingo da torneira.
sábado, 8 de novembro de 2014
Quem foi S. Martinho?
Martinhos há muitos... mesmo Martinhos ilustres.
São MARTINHO I - PAPA e MÁRTIR
A primeira confusão pode vir de Martinho I, (590 - eleito Papa 649, condenado à morte pelo imperador Constante II e desterrado em 653, veio a falecer em 16.9.655). A igreja venera-o como mártir e celebra a sua festa em 12.11.
São MARTINHO DE DUME - Bispo em Dume, arredores de Braga e depois Arcebispo de Braga.
Oriundo de Panónia (na actual Hungria) viveu entre 518 - 20.03.579. Esteve na Palestina e Itália onde terá estudado. Veio para a Galécia em 550 e fixou-se em Dume onde fundou um Mosteiro, onde foi eleito Bispo em 556. Em 569, ficou a ser também Bispo metropolita de Braga. Dedicou-se à conversão dos suevos e deixou grandes obras que são grandes tratados de doutrina cristã.
São MARTINHO DE TOURS (n. Na actual Szambatkely, Hungria, 316 ou 317 - Candes, França, 08.11.397)
Este ó o santo, que é ou terá sido o santo mais popular da Europa.
Filho de um oficial romano, em serviço na fronteira do Império, alista-se no exército desde os 15 anos.
Em Amiens, provavelmente em 338, quando fazia a ronda na cidade, no inverno, encontrou um pobre seminu com quem repartiu a capa.
Na noite seguinte, Jesus apareceu-lhe, em sonhos, vestido com a capa que ele dera ao mendigo.
Chegou a ser oficial da guarda imperial mas aos 40 anos abandona a vida militar.
Foi Bispo desde 371 e ficou na história pela sua bondade ilimitada e pelo seu zelo apostólico.
A sua Festa litúrgica celebra-se a 11 de Novembro.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
O aranhol
No tear dos juncos aquáticos
à beira do lago de opala
D. Aranha uma artista
abriu sua oficina de modista.
—
Urde um tecido de gala
rico e decorativo
tendo como motivo
os raios geométricos de uma estrela.
—
Tela fina com botões de orvalho
que refulgem como pérolas
dependurou-a num galho
para que através do ar diáfano venha vê-la
com sua couraça de ábano e de ouro
o príncipe etíope D. Besouro
seguido por sua corte de libélulas.
Menotti del Picchia
domingo, 2 de novembro de 2014
Leituras em Sala de aula podem estragar o prazer de ler
Frank Cottrell Boyce, escritor infantil e juvenil, conhecido pela obra Milhões (editado em Portugal pela Editorial Presença, em 2004), afirmou recentemente, num artigo escrito para o jornal The Guardian, que alguns métodos de ensino estão a poluir a experiência de leitura.
O autor alerta que determinadas estratégias aplicadas para encorajar a literacia estão a afastar as crianças dos livros ao invés de as aproximar deles. Isto acontecerá devido a uma análise excessiva dos textos que retira o prazer da leitura.
Cottrell Boyce explica que em vez de se deixar a criança apreciar a história, os professores muitas vezes interrompem o momento de leitura para dar indicações daquilo a que devem estar atentas para mais tarde realizarem diferentes exercícios. O autor acredita que isso afeta o gosto pela história que se está a ouvir ou a ler.
Ele defende que «o prazer de ler é uma forma profunda e poderosa de atenção, uma espécie de pensamento lento». O escritor apoia ainda a leitura em voz alta, pois ela não tem de ser um ato solitário.
Promover o gosto pela leitura é pois o ponto de partida para a literacia. Se se não se fomentar esse prazer, então qualquer análise de uma história corre o risco de não se fixar e de a criança acabar por não refletir no texto por si, mas apenas com base em parâmetros fornecidos, o que esvazia toda a experiência de leitura.
sábado, 1 de novembro de 2014
Cantiga de Mãe - Alice Vieira e Afonso Cruz
Olha as horas!
Sai da cama!
Não demores
a acordar!
Lava os dentes
muito bem.
- Mas… ó mãe!…
Não inventes
mais desculpas
p’ra atrasar!
Passa o pente
na cabeça!
Bebe o leite
mais depressa!
E não te esqueças
também..
- Mas… ó mãe!…
…de levar
a papelada
assinada
que a professora
mandou.
Vai lá buscar
a mochila
e vê, se por esta vez,
estão prontos
os TPC!
E fecha bem…
- Mas… ó mãe!…
A torneira
da banheira!
Olha o pingo…
- Mas ó mãe!...
Mas ó mãe!...
Hoje é domingo!
Estrampalhar
#10: ESTRAMPALHAR
O som diz tudo: estrampalhar não é bem estragar; é só desarrumar, desfazer, baralhar. Oiço esta palavra e lembro-me logo da minha irmã Paula a dar cabo dos jogos quando começava a apanhar seca: uma torre de legos, um jogo de cartas, as peças do Monopólio, os dados de póquer, as letras do Scrabble – seja o que for, vai tudo à frente. E não importa se os outros estavam saltitantes de entusiasmo, não interessa se o jogo é a cifrões ou a feijões: quando a Paula está farta, toca a estrampalhar tudo. Mãozinhas do demo, com intolerância ao tédio, implacáveis a semear o caos em décimas de segundo.
E se eu estivesse a ganhar? Irritava-me toda, ralhava, gritava, esperneava, fulminava-a com o meu olhar mortífero número três – cheguei mesmo a assentar-lhe um estrepitante calduço (sim, que isso de ser tolerante com os intolerantes é muito bonito com meia dúzia de Lexotans no bucho, caso contrário fica difícil). Mas não havia volta a dar: o estrago estava feito. A Paula estrampalhou, o jogo acabou. Ponto final parágrafo travessão. Não, bastão. Ou, como nos filmes, taco de basebol.
E quem estrampalha é o quê? Estrampalhuças. Eu não sou estrampalhuças por natureza, mas aprendi a lidar melhor com quem é. Desde o episódio do calduço, e para evitar medidas mais radicais do tipo apertar o gasganete, antes de começar a trepar paredes e a hiperventilar, inspiro e expiro sete vezes e acabo por mandar a raiva sair discretamente pela porta dos fundos. Tudo para poupar a saudinha a tão afoita criatura que decidiu boicotar sem dó nem piedade qualquer coisa de que eu estava a gostar.
A minha irmã sabia como deixar-me de cabelos em pé. Mas com a sua provocação assumida (subversão a bem da nação) também me ensinou a perder. Ou a deixar cair. A fazer o pino dentro da cabeça em momentos-limite, numa espécie de treino de resignação por via do riso: o método consiste em fazer zoom out, vermo-nos de fora e rirmo-nos da situação toda quando ela é demasiado parva e insignificante para ser levada a sério.
Quando não dá para fazer marcha-atrás, que remédio senão relativizar e aceitar o inevitável: abanar a cabeça, encolher os ombros e depois desligar o botão e siga para bingo, para-a-frente-é-que-é-Lisboa. A vida é demasiado curta para gastar cordel a amarrar o burrinho.
Texto de Catarina Sacramento
Ilustração de Rita Cortez Pinto
(Publicado a 30 Outubro 2014)
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