segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mamã - Mariana Ruiz Johnson

Prémio Internacional de Compostela 2013

Sinopse:

Mamã é tantas coisas... 



É casa redonda, macia e andante. 



É porto seguro, feliz e radiante. 



Pôs-me neste mundo, nu, pequeno e terno… 



O amor é o conceito fundamental que justifica o como, o porquê e o para quê de um texto tão simples rimado, mas simultaneamente tão universal, próximo da infância e acessível a leitores de todas as idades e de todas as culturas. O poema complementa-se com imagens exuberantes em conteúdos e cores, onde a natureza está presente do princípio ao fim. Mariana Ruiz Johnson quis, com esta obra, partilhar a sua experiência da maternidade, a partir de uma perspetiva artística e literária. Azuis, amarelos, vermelhos, verdes… cores vivas, intensas e em harmonioso contraste plasmam-se nas páginas deste álbum. O seu conteúdo inspira-se no estilo ornamental da arte popular latino-americana, nas figuras de santos e santas tradicionais que reforçam a ideia de "beatificação" da figura materna e, do ponto de vista cromático, na força expressiva e poética do estilo de Paul Klee. O ser humano é mais uma espécie neste álbum, onde, para além do mais, se realça a figura feminina, rodeada de plantas, beleza e fragmentos do mundo que nos rodeia.

Era uma vez... Dia da Mãe



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Era uma vez... uma revolução



O Livro Livre - Francisco Bairrão Ruivo e Danuta Wojciechowska e Joana Paz



"O Livro Livreé uma outra forma de comemorar os 40 anos do 25 de Abril dando a conhecer a crianças e jovens este marco da História de Portugal e o seu legado. 

Celebra os direitos e as liberdades fundamentais consagrados na Constituição de 1976 como a sua principal herança e destaca a responsabilidade do que é viver em democracia.

Tomando como referência este momento de conquista histórica, fruto da luta e do trabalho de muitos, militares e civis, o Livro Livre apela ao espírito da liberdade e convoca o leitor a participar numa atividade criativa, como co-autor do livro. Desafia-o a resgatar as memórias de quem viveu este período e registar estas experiências. Através de breves enquadramentos históricos, ilustrações sugestivas e propostas de atividade diversificadas, este livro constrói um espaço para a reflexão sobre o significado do 25 de Abril."


Textos: Francisco Bairrão Ruivo
Design e Ilustrações: Danuta Wojciechowska e Joana Paz
Edição: LUPA

25 de abril contado aos mais novos


"Antes só havia um partido político que apoiava o Governo e apesar de haver eleições estas não eram livres, já que só se podia votar no partido do Governo e as mulheres só podiam votar se tivessem concluído o ensino secundário (o que não era muito comum).

As mulheres necessitavam de autorização escrita do marido para fazer determinadas coisas, como por exemplo, viajar sozinhas para o estrangeiro ou ter um negócio próprio.
Não se podia dizer mal do Governo, quem o fizesse era preso; existia uma polícia política com uma rede de informadores por todo o país, que escutavam quase todas as conversas e as denunciavam caso fossem contra a lei.
As pessoas que se casassem pela Igreja não se podiam divorciar.
Cada empresa pagava o que queria aos seus trabalhadores, ao contrário dos dias de hoje em que há um salário mínimo.
Para poderem ser publicadas, as notícias tinham de ser autorizadas pela Censura, bem como as peças de teatro, as músicas, os livros, os programas de tv, etc., ao contrário de hoje que há Liberdade de Imprensa.
Os jovens passavam quatros anos na tropa, o serviço militar obrigatório, dois dos quais na Guerra do Ultramar (guerra nas colónias africanas); enquanto que hoje o serviço militar deixou de ser obrigatório.
Havia escolas de rapazes e de raparigas, não havia turmas mistas.
Estas são apenas algumas coisas que mudaram... havia muito mais injustiças...
A certa altura, os militares sabendo que a Guerra do Ultramar era uma guerra impossível de ser ganha fundaram o MFA (Movimento das Forças Armadas) e no dia 24 de Abril de 1974 tentam derrubar o Governo.
Às 5 para as 11 da noite, passa na rádio a canção "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, a primeira senha para o início das operações do MFA.
À meia noite e vinte é passada na rádio a segunda senha "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso.
Uma coluna militar de tanques, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia sai da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém em direcção à capital, onde toma posição junto aos ministérios e depois cerca o Quartel do Carmo onde se tinha refugiado o chefe do Governo, Marcelo Caetano.

Durante o dia, os populares juntam-se aos militares. Conta-se que a certa altura uma vendedora de flores começou a distribuir cravos e os soldados enfiavam-nos nos canos das espingardas e os populares colocavam-nos ao peito. Por isso se chama ao 25 de Abril a Revolução dos Cravos, por ter sido uma revolução pouco violenta com apenas 4 mortos e poucos feridos.Ao fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao General Spínola.Para além do Capitão Salgueiro Maia, que comandou a coluna de Santarém, outros militares desempenharam papéis importantes no 25 de Abril. O major Otelo Saraiva de Carvalho foi o comandante operacional do golpe, dirigindo as operações a partir do Quartel da Pontinha, nos arredores de Lisboa. Outros nomes importantes são major Melo Antunes, o capitão Vasco Lourenço, o major Vítor Alves, o general Costa Gomes e o general Spínola.

25 de abril


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Um livro é...


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Lê, porque ler é um prazer!





Visita a biblioteca, lê e requisita livros para leres em casa com a tua família. 
Partilha leituras, conversa sobre livros e autores. 
Viaja nos acontecimentos, vive novas aventuras e conhece novas personagens...


terça-feira, 22 de abril de 2014

Feliz Dia da Terra



Dia da Terra

dia terra beija-flor escaravelho


O Dia da Terra é assinalado hoje, com um google doodle original, onde surgem alguns animais, como o beija-flor, a medusa-da-lua, o escaravelho, o peixe-balão, o macaco japonês e o camaleão. A 22 de abril, celebra-se a data criada em 1970.

O Dia da Terra surge com a finalidade de promover um protesto contra a poluição da Terra.

O Dia da Terra assume-se como uma celebração de grande importância entre as populações, que, sobretudo elas, têm um papel a cumprir na defesa do meio ambiente e dos recursos naturais da Terra.


O Dia da Terra é hoje. Mas deve ser lembrado todos os dias, para que não sejamos agentes de destruição do palco que nos dá vida, persistentemente, apesar da reiterada contaminação do ar, dos solos, da água e da destruição de ecossistemas e o esgotamento de recursos não renováveis.

Dia Mundial do Livro

Era uma vez... um Gigante



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lá fora – Guia para descobrir a natureza - Maria Ana Peixe Dias e Inês Teixeira do Rosário, Bernardo Carvalho

Folhear

De quem será esta pegada?
O que faz aqui esta minhoca?
Será um sapo ou uma rã?
Como se chama esta árvore?

Mesmo que moremos numa grande cidade, existe sempre natureza lá fora: nuvens e estrelas, árvores e flores, rochas e praias, aves, répteis ou mamíferos.
O que esperamos então?
Saltemos do sofá e iniciemos a exploração!

Criado com a colaboração de uma equipa de especialistas portugueses, este livro pretende despertar a curiosidade sobre a fauna, a flora e outros aspetos do mundo natural que podem ser observados em Portugal. Inclui também propostas de atividades e muitas ilustrações, para ajudar toda a família a ganhar balanço, sair de casa e descobrir – ou simplesmente contemplar – todo o mundo incrível que existe “Lá fora”.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Vende-se mãe - Care Santos e Andrés Guerrero



Sinopse

«Vende-se mãe de 38 anos, cabelo castanho claro, não muito alta (mas baixinha também não), olhos castanhos, bastante bonita. Faz muito bem lasanha, pizza de quatro queijos e crepes de fiambre. Gosta de ir aos parques de diversões. É muito carinhosa e tem uma voz agradável. Sabe um monte de histórias. Quase nunca ralha. » 
(Bem, esta última frase é estratégia de marketing...)

Óscar quer vender a mãe. 

Porquê? 

Porque acha que desde que nasceu o grão-de-bico ela já não gosta dele como gostava... Para além daquela lista de coisas em que ela consegue ser uma autêntica seca! Blergh! E a melhor amiga dele tem uma ideia genial: pôr um anúncio on-line! Com esta história divertidíssima, Care Santos ganhou um prémio importante de literatura juvenil em Espanha - uma história em que se defende que ninguém é perfeito, mas que entre pais e filhos não há, afinal, diferenças que o carinho não possa superar.
 

Imagens para colorir

Baby Animal Sketches

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Luís Sepúlveda e Paulo Galindro



Sinopse: 

Os caracóis que vivem no prado chamado País do Dente-de-Leão, sob a frondosa planta do calicanto, estão habituados a um estilo de vida pachorrento e silencioso, escondidos do olhar ávido dos outros animais, e a chamar uns aos outros simplesmente «caracol». 



Um deles, no entanto, acha injusto não ter um nome e fica especialmente interessado em conhecer os motivos da lentidão. 


Por isso, e apesar da reprovação dos outros caracóis, embarca numa viagem que o vai levar ao encontro de uma coruja melancólica e de uma tartaruga sábia, que o guiam na compreensão do valor da memória e da verdadeira natureza da coragem, e o ajudam a orientar os seus companheiros numa aventura ousada rumo à liberdade.

O rouxinol - Hans Christian Andersen



segunda-feira, 7 de abril de 2014

De Sol a Sonho - Raul Malaquias Marques e Yara Kono


O Sol faz de guia na viagem sem mapa nem bússola, mas com versos, que neste livro se relata. 

Tem 23 etapas, a viagem. 

A primeira começará onde quer que tu, leitor, te encontres. Presta atenção: haverá sempre um girassol por perto. E estimáveis criaturas. Pessoas e bichos. E também frutos. E flores. E... 

A última etapa tem guardado dentro dela um sonho. Que sonho? É segredo. Só fazendo a viagem, mas a viagem toda, até ao fim, ele se desvenda. Quando partes?

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Hoje é dia mundial para a consciencialização do autismo

Hoje é dia mundial para a consciencialização do autismo.
Ontem por acaso descobri um blog "T2 para 4". A autora escreveu sobre a sua experiência como mãe de duas meninas com Espectro do Autismo.

"De dois passamos, num instante e de uma só vez, a quatro. E, à medida que as crias vão crescendo, de uma assentada só – como em tudo na nossa vida -, o séquito que rodeia as pequenas princesas gémeas passa a ser bem mais numeroso do que tia, avós e pais; passa a incluir uma autêntica equipa de técnicos e profissionais que acompanham o seu desenvolvendo, a par e passo com a família. De um dia para outro (bem, é mais de um mês para outros porque estas coisas demoram tempo), vemos incluídos nos nossos contactos habituais pediatras especialistas em autismo, terapeutas da fala e terapeutas ocupacionais, educadora e psicóloga da intervenção precoce e tarefeira.
Naquele gabinete de cores indefinidas e com cantos a denunciar alguma humidade, num Hospital Pediátrico velho de Coimbra, naqueles corredores cheios de brinquedos e naquela sala de espera com mesas, lápis e folhas (um oásis de cores num edifício cinzento e velho), uma senhora muito simpática e de olhos ternos que vestia bata branca acompanhada por outra senhora igualmente simpática, que me afastara das piolhas que ficaram com a avó, a fazer-lhe a pobre cabeça em água, conversa comigo. Após horas de observação, a possibilidade de um diagnóstico, soa a algo dito numa língua estrangeira: “desvio çljdlkhf fjhwefghbvcmks autista”. Ouvi autista e não ouvi mais nada, fiquei com o cérebro a mil e a projetar desgraças, sentia-me presa num diálogo de surdos sem assimilar ou sequer destrinçar o que me estavam a dizer – eu só tinha ido a uma mera consulta de desenvolvimento para saber o que se estava a passar com as minhas filhas, esperava algo rotineira do género medir/pesar, nem sequer estava ali o pai para me ajudar a lidar com aquilo tudo, não estava preparada para a dimensão de algo assim, o quê? uma deficiência?, oh meu deus, o que vou fazer? porquê as minhas meninas, que mal fizeram elas?, a médica enganou-se e eu vou provar, está tudo doido e eu a ver, espectro? mas um espectro não é um fantasma do Harry Potter? – O meu chão fugiu quando se falou em NEE (Necessidades Educativas Especiais) porque conheço todos os (d)efeitos que isso traz e as conotações associadas.
Depois desta notícia, que recebi sozinha, eu e o marido voltámos a estar com esta pediatra, sem as piolhas e com mais calma. Desde esse dia, em agosto de 2010, a nossa vida mudou e encarámos como desafio desmistificar as palavras "autismo" e "deficiência" (porque, severo, profundo ou ligeiro - como, felizmente, é o caso - é uma deficiência) e fizemos a promessa de manter o que temos vindo a fazer, amando-as e educando-as exatamente da mesma maneira, porque não deixam de ser as nossas filhas.

A nossa história ainda me revolta porque eu sempre - mas sempre soube - que havia algo de errado com o desenvolvimento das minhas filhas. Mas, depois de uma gravidez tão complicada e de um pós-parto tão doloroso e de tantos pediatras de supostas consultas de desenvolvimento de gémeos a dizer para não nos preocuparmos, acabamos por não atribuir tanta importância a certos sinais como deveríamos, desde logo...
Não há como evitá-lo. Por muitos anos que passem, por muita evolução que as piolhas demonstrem, por muito que tentem dizer-me que se vai sempre a tempo – as balelas do costume -, a verdade é que não consigo esquecer – nem perdoar – termos passado 3 anos, 3 longos anos entre consultas de desenvolvimento de gémeos e nunca me tivesse sido dada a hipótese de explicar o porquê de as piolhas não terem um comportamento típico para a idade, comparativamente a outras crianças. “Ah, não se pode comparar!” – dizem-me – “Cada criança tem o seu ritmo”. Certo. Cada criança tem o seu ritmo. E que ritmo será esse quando essa criança brinca por filas, come por cores ou texturas, não fala aos 3 anos, usa ecolália para se exprimir – e mal! -, não sabe controlar o que sente e auto agride-se? É isto típico?
As consultas de desenvolvimento de gémeos tinham a periocidade de 1 ano e era sempre tudo a despachar. Até entendo que, em comparação com outros gémeos lá presentes, muito bem estavam as minhas: nunca precisaram de incubadoras nem berçários, aceitavam leite materno e artificial (ainda que pouquíssimo), nunca perderam peso, nunca estiveram internadas. Mas não seria isso, desde logo, um sinal a ter em conta? Para crianças que nasceram com 36 semanas, a ausência de prematuridade não deveria chamar a atenção?
As dúvidas eram mais que muitas e começaram logo aos 7 meses. Nessa altura, o pediatra olhou para mim como se eu fosse um ET e disse-me que o azul era a última cor que os bebés viam (mas era a preferida das piolhas) e que era impossível encaixarem peças geométricas (mas faziam-no. E faziam-no muito bem e rápido.). Era impossível mas não havia material pedagógico para averiguar a veracidade dessa afirmação… E quando apareceu, já as piolhas tinham 3 anos e fizeram o encaixe em 2 segundos... Com o passar do tempo, o meu grau de loucura foi aumentando até ser dada como louca na última consulta – a dos 3 anos. De nada adiantou eu ter chamado a atenção para a dificuldade que eles médicos em equipa tiveram em avaliar o desenvolvimento das piolhas aos 9 meses (ah e tal, elas fazem coisas dos 12 meses mas não adquiriram algumas dos 6. Vamos pela média…) , a lista de comportamentos e sinais atípicos que imprimi não foi sequer tocada, a presença da minha mãe a reforçar a nossa dificuldade em lidar com as birras delas não foi de todo valorizada. “Cada criança tem o seu ritmo”. Desfralde? Pfff, que é isso? Não me deram ouvidos e eu andava há 2 anos a batalhar para o desfralde. Aconteceu 1 ano e meio depois. Sim, aos 4 anos é que o desfralde foi alcançado. Sem ajuda de ninguém porque eu desistira. Uma manhã, as piolhas acordaram e vestiram cuecas. Tão simples quanto isso. “Olhe mãe, cada criança tem o seu ritmo.”
A gota de água foi o não ligarem a mínima para os sinais de automutilação. Uma das piolhas tinha autênticas clareiras na cabeça, a outra andava toda mordida nas mãos, eu falava das birras e do excesso de transpiração quando isso acontecia, da frequência absurda das diarreias e ninguém, NINGUÉM, me deu ouvidos. “Cada criança tem o seu ritmo. Isso passa”. Odeio esta frase.
Não passou. Não passará. O autismo não tem cura.
Desesperada, farta de lágrimas vertidas em vão, exasperada e de coração apertado, fui falar com a única pessoa que achou que eu tinha razão no que dizia e que havia ali qualquer coisa desviante: o nosso médico de família. Ouviu-as a falar em inglês uma com a outra, a criptofasiarem uma com a outra, alheias a todo o mundo exterior, reviu o comportamento e desenvolvimento delas ao longo das consultas que fomos tendo com ele (nunca tivemos pediatra particular; sempre fomos ao centro de saúde e fomos bem acompanhados pelo médico de família). Na perspetiva dele, haveria ali algo mais do género da sobredotação e tranquilizava-me, brincando comigo e dizendo que não tarda passariam logo para a universidade. Ele vi-as tão autónomas e tão desenrascadas! Esses booms de desenvolvimento que elas sempre tiveram acabavam por camuflar os atrasos e isso intrigava quem lidava com elas, pais incluídos.
Foi feito o pedido para a consulta de desenvolvimento. Mal soube do possível diagnóstico, telefonei-lhe. Em tom de brincadeira, lá me dizia ele “Então, já tens os documentos para as inscreveres na Universidade?” e eu respondi “Não… Acho que vai ficar um pouco longe disso… Elas têm autismo.”. Silêncio. Mais silêncio. “Tens a certeza? Não houve nenhum engano?”. Engano nenhum.
Nem costumo falar sobre isto mas acho que o 1º click de todos, aquele que se nega na nossa cabeça para sempre, foi elas não olharem bem para mim quando mamavam… Mas ouvíamos dizer que os bebés vêm tudo baço nos primeiros dias de vida, que é normal, que “cada criança tem o seu ritmo”. Quando me perguntavam se elas olhavam para mim, eu respondia sim porque, de facto, olhavam, mas não era aquele olhar sustentado e profundo como é agora. Como sempre foram fazendo contacto ocular, não relacionei. Mas tudo o resto foi ignorado pelos médicos… Desde os 7 meses de idade e eu isso tenho guardado com muito ressentimento. Não consigo desligar nem perdoar. Foi preciso sofrermos tanto, vê-las a agredirem-se e a ficarem sem cabelo e a terem birras que nos punham a todos em lágrimas para se chegar a uma conclusão tão óbvia… 3 anos!

Felizmente, nunca é tarde para avançar com o que quer que seja e esforçamo-nos todos os dias para que as coisas se componham. E felizmente, apesar de autismo, é algo ligeiro. Mas, nem tão grave nem tão ligeiro e as terapias fazem parte das nossas rotinas familiares desde 2010, as sessões com a psicóloga idem, a documentação para entregar na escola é mais que muita e, apesar de não ter posto os pés na Faculdade de Medicina, tenho uma especialização em Perturbação do Espectro do Autismo. Tentei fazer as pazes com o diagnóstico (que podia ser outro qualquer) e mostrar ao mundo que a ignorância/incompreensão/comentários alheios doi muito!! Embrenhei-me em lutas que nunca pensei travar: organizei exposições de trabalhos de crianças/adolescentes autistas com o intuito de mostrar a diferença e a semelhança, promovi ações de sensibilização para crianças, adultos, monitores, formadores/professores, etc, iluminei uma escola de azul no dia da consciencialização do autismo, e sei lá mais o quê. Não fiz as pazes com o diagnóstico. Todos os dias são dias de trabalho, inconscientemente, intuitivamente. Mas todos os dias são dias de amor. Em resposta à pergunta "se o autismo pudesse ser diagnosticado numa ecografia ou amniocintese, abortarias?", não penso duas vezes: não. Amo as minhas filhas mais do que se possa imaginar, amo-as tanto que até falta o ar. São autistas mas crianças saudáveis e muito muito felizes. Genuinamente felizes."

São as histórias para crianças que nos fazem adultos melhores

É o título de um texto publicado hoje na edição online do semanário expresso a propósito do dia internacional do livro infantil, para ler aqui.